O tempo é mesmo engraçado. Tem gente que diz que é o melhor remédio, mas dessa afirmação insana constantemente discordo. Não é o melhor remédio, simplesmente porque não cura, não faz esquecer. Só desvia o assunto que antes era o principal, pra outra coisa que agora já é mais importante. Faz com que a gente vá se deixando perder em outros sorrisos, e se encontrar em outros abraços e gestos singelos do mais puro e extremo carinho. E faz com que a gente sinta novas saudades, novos sentimentos. Mas não é que gente esquece. A gente só desvia o assunto e não se recorda mais de alguns detalhes. Mas de verdade? Esquecer, a gente nunca esquece. E se o tempo é um protagonista cruel e contraditório, que faz com que a gente mais ou menos se esqueça e metade de se lembre, nós precisamos ser fortes o suficiente pra saber como lidar com isso. E precisamos acreditar que um dia as coisas possam se resolver. E que não seja culpa do tempo, mas sim do coração. Porque o tempo na verdade é como aqueles documentos perdidos por algum lugar, achados sem querer em uma tarde melancólica de mais um daqueles terríveis domingos. E nós somos a gaveta em que eles se encontram. O tempo guarda memórias importantes dentro da gente, pra que depois, nos nossos piores momentos, possamos recordá-las. Encontrá-las, assim como se achou aquele papel importante dentro daquela gaveta gasta de madeira. É. Vida complicada. O jeito não é fugir daquele tic tac do relógio, mas encará-lo de frente. E acredite, sei eu muito bem que não dá pra viver o presente sem se importar com o que virá daqui em diante. Afinal, sabe o tempo? Ele não volta. E também não esquece.
Letícia Loureiro
Letícia Loureiro
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